EDUCAÇÃO
Os primeiros semestres de um estudante da graduação são os
mais tortuosos do curso por causa da ansiedade em colocar a mão na massa. Tudo
é muito novo, as disciplinas são básicas e o que mais se espera é ter logo
contato com a profissão. E eis que aparece um estágio.
O estágio não é um emprego. De acordo com o a Lei 11.788, de 25
de setembro de 2008, é
uma ação que deve estar englobada no projeto pedagógico do curso e o estudante
só pode desenvolver atividades que estejam relacionadas com sua área de estudo.
A carga horária não deve ultrapassar 30 horas semanais.
Esse é o primeiro contato do
estudante com o mercado de trabalho. Mas, infelizmente, nem todo estudante tem
conhecimento da lei, afirma Wagner Alves Soares, gestor do projeto empregabilidade
– PROJEM – da Universidade Católica de Brasília, onde trabalha com estágios há
sete anos. Para o gestor, a falta de
conhecimento é uma pena porque a lei resguarda o estudante, a universidade e as
empresas de muitos transtornos possíveis, como o uso do estagiário como mão de
obra barata.
A estudante de psicologia Fabíola
Vieira Leite, do 8º semestre, concilia as atividades de estágio e a universidade,
mas acha cansativo. Ela acredita que essa rotina tem duas vertentes: de certa
forma, atrapalha o rendimento em sala de aula. Por outro lado, ajuda a conhecer
na prática o que, nas aulas, é muito teórico. A respeito da lei de estágio, diz
que conhece apenas a parte que garante o direito a diminuir a carga horária
pela metade em dias de prova.
Não dá para negar que essa
experiência é fundamental na formação profissional. Se o estudante não passa
por esse processo, fica em desvantagem. O conhecimento teórico não é o único
tipo de formação válida. É necessário aprender na prática, no dia a dia, até mesmo
para ter contatos futuros que culminem em chances de ingressar no mercado com
mais facilidade.
É importante que o próprio
estudante procure suas oportunidades de ingresso no mercado e não fique apenas
esperando que a instituição de ensino ou agentes de integração, como o CIEE,
ofereça vagas. É uma oportunidade de aparecer, se mostrar para o mercado.
Muitos estudantes são contratados
pelas empresas onde estagiam. As vagas mais concorridas são as da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal e não só por causa da bolsa, mas também pela
oportunidade de contatos que futuramente poderão auxiliar em uma ascensão
profissional.
Uma modalidade de estágio bastante visada
é o estágio trainee, em que as
empresas recrutam os estudantes dos últimos semestres e preparam para serem
gerentes. É o caso da Ambev. Seus trainees
são enviados para uma temporada de seis meses em sua fábrica na Alemanha, onde
recebem formação direcionada para a área em que atuarão. Mas, para concorrer a
esses programas, o estudante precisa ser o melhor do curso e falar no mínimo
dois idiomas: inglês e espanhol. Os trainees
nem sempre são escolhidos por curso, mas por estudante. O potencial
individual do escolhido é o determinante nessa escolha.
Estágio obrigatório e não obrigatório. Quem é quem? No estágio obrigatório, o máximo de experiência que se tem é de seis meses e consta na grade curricular do aluno. É supervisionado pelo curso e tem um professor porque é uma disciplina. Já o obrigatório pode durar até dois anos, é supervisionado por um professor orientador para que o estudante só atue em áreas afins com seu curso e o estagiário recebe uma bolsa para estagiar.
Diane Pereira, 21 anos, estudante de Letras Inglês, 5º semestre, da Universidade Católica de Brasília, e Nicolas Anderson Elias, 20 anos, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 5º semestre, do Instituto Nossa Senhora de Fátima, nunca fizeram estágio e acreditam que serão prejudicados futuramente por falta de experiência. Diane receia ser prejudicada na hora de ir para o mercado de trabalho porque não estagiou: “o estágio vai te preparar para o mercado de trabalho, pelo menos dar um noção do que a vida te reserva”. Nicolas Anderson também teme a falta de experiência, mas não conseguiu nenhum estágio ainda.
Estagiar é muito importante, mas
essas atividades não podem interferir no rendimento acadêmico. Ele serve para
que o estudante entenda, na prática, o que aprende em sala de aula. É
imprescindível que o estagiário entenda essa importância para não passar muito
tempo em lugares onde não realiza atividades afins com seu curso.
Jusciane Matos
Nenhum comentário:
Postar um comentário