segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Estágio - Fazer ou não fazer? Eis a questão

EDUCAÇÃO

 
Os primeiros semestres de um estudante da graduação são os mais tortuosos do curso por causa da ansiedade em colocar a mão na massa. Tudo é muito novo, as disciplinas são básicas e o que mais se espera é ter logo contato com a profissão. E eis que aparece um estágio.
 
O estágio não é um emprego. De acordo com o a Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008, é uma ação que deve estar englobada no projeto pedagógico do curso e o estudante só pode desenvolver atividades que estejam relacionadas com sua área de estudo. A carga horária não deve ultrapassar 30 horas semanais.
 
Esse é o primeiro contato do estudante com o mercado de trabalho. Mas, infelizmente, nem todo estudante tem conhecimento da lei, afirma Wagner Alves Soares, gestor do projeto empregabilidade – PROJEM – da Universidade Católica de Brasília, onde trabalha com estágios há sete anos. Para o gestor, a falta de conhecimento é uma pena porque a lei resguarda o estudante, a universidade e as empresas de muitos transtornos possíveis, como o uso do estagiário como mão de obra barata.
 
A estudante de psicologia Fabíola Vieira Leite, do 8º semestre, concilia as atividades de estágio e a universidade, mas acha cansativo. Ela acredita que essa rotina tem duas vertentes: de certa forma, atrapalha o rendimento em sala de aula. Por outro lado, ajuda a conhecer na prática o que, nas aulas, é muito teórico. A respeito da lei de estágio, diz que conhece apenas a parte que garante o direito a diminuir a carga horária pela metade em dias de prova.
 
Não dá para negar que essa experiência é fundamental na formação profissional. Se o estudante não passa por esse processo, fica em desvantagem. O conhecimento teórico não é o único tipo de formação válida. É necessário aprender na prática, no dia a dia, até mesmo para ter contatos futuros que culminem em chances de ingressar no mercado com mais facilidade.
 
É importante que o próprio estudante procure suas oportunidades de ingresso no mercado e não fique apenas esperando que a instituição de ensino ou agentes de integração, como o CIEE, ofereça vagas. É uma oportunidade de aparecer, se mostrar para o mercado.
 
Muitos estudantes são contratados pelas empresas onde estagiam. As vagas mais concorridas são as da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e não só por causa da bolsa, mas também pela oportunidade de contatos que futuramente poderão auxiliar em uma ascensão profissional.
 
Uma modalidade de estágio bastante visada é o estágio trainee, em que as empresas recrutam os estudantes dos últimos semestres e preparam para serem gerentes. É o caso da Ambev. Seus trainees são enviados para uma temporada de seis meses em sua fábrica na Alemanha, onde recebem formação direcionada para a área em que atuarão. Mas, para concorrer a esses programas, o estudante precisa ser o melhor do curso e falar no mínimo dois idiomas: inglês e espanhol. Os trainees nem sempre são escolhidos por curso, mas por estudante. O potencial individual do escolhido é o determinante nessa escolha.

Estágio obrigatório e não obrigatório. Quem é quem? No estágio obrigatório, o máximo de experiência que se tem é de seis meses e consta na grade curricular do aluno. É supervisionado pelo curso e tem um professor porque é uma disciplina. Já o obrigatório pode durar até dois anos, é supervisionado por um professor orientador para que o estudante só atue em áreas afins com seu curso e o estagiário recebe uma bolsa para estagiar.

Diane Pereira, 21 anos, estudante de Letras Inglês, 5º semestre, da Universidade Católica de Brasília, e Nicolas Anderson Elias, 20 anos, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 5º semestre, do Instituto Nossa Senhora de Fátima, nunca fizeram estágio e acreditam que serão prejudicados futuramente por falta de experiência. Diane receia ser prejudicada na hora de ir para o mercado de trabalho porque não estagiou: “o estágio vai te preparar para o mercado de trabalho, pelo menos dar um noção do que a vida te reserva”. Nicolas Anderson também teme a falta de experiência, mas não conseguiu nenhum estágio ainda.
 
Estagiar é muito importante, mas essas atividades não podem interferir no rendimento acadêmico. Ele serve para que o estudante entenda, na prática, o que aprende em sala de aula. É imprescindível que o estagiário entenda essa importância para não passar muito tempo em lugares onde não realiza atividades afins com seu curso.
 


 

 
Jusciane Matos

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